Aos poucos, as coisas que me remetiam a você foram apagadas.
Você já não estava mais nos lugares onde eu costumava encontrá-lo. Os seus livros saíram de minha estante, assim como nossas fotos que cobriam as paredes do quarto onde trocávamos palavras doces e pensávamos que o nosso momento seria infinito.
Não haviam mais mensagens, tampouco ligações. Eu já não sabia mais nada sobre você. Um desconhecido. Como se você desaparecesse de meu mundo, pouco a pouco. Tudo não passava de uma boa lembrança.
Lembrança que como todas as outras começam nítidas, mas depois tornam-se borrões e parecem não passar de um belo sonho, e nós nem ao menos sabemos se realmente aconteceu.
O que ainda nos mantém reais é a saudade, porque se a sinto, é porque foi verdadeiro. A saudade é o amor que fica depois que tudo acabou e não sobra nada além de fragmentos de memórias.
Fragmentos que com o tempo serão arrastadas pelo vento até não me restar mais nada. Até que realmente chegue ao fim, e eu me torne incapaz de me lembrar de seu rosto, e das incontáveis vezes que me fez sorrir.
Como se nunca tivesse existido.